CRISTAIS
CRISTAIS
Esbraveja-se o rosto
ser bronze
no ardor do sofrimento.
Ser bronze
na frieza do lamento.
Atingir uma estrela
é o ideal de ser bronze.
A caneta diária
dos aflitos.
A redenção que não chega.
Ser bronze
revestido de nada
que é o melhor.
Ser bronze
atingindo a
pureza dos cristais.
Ser bronze
já é não ser nulo.
E dar um salto,
um pulo
rumo à perfeição tão difícil.
Ser bronze
é estar na partida, no jogo
duro do sistema e vencer,
mais que vencer humildemente.
Ser bronze
não para se encostar
numa vitrine,
mas para se reconstruir
numa elevação de estrelas e cristais.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, é quase outono de 2007.