Degredo
Deus, o Rei dos Reis,
decretou, certo dia,
que eu,
por duvidar da existência da felicidade,
migrasse para a Espanha,
e de lá não saísse
até que Ele morresse ou desse ordem contrária.
Obedeci.
Calcei as sandálias rotas de um pastor rude
e caminhei.
Quanta fé cabe em um escapulário!
Quanta esperança cabe em uma razão!
Hoje, vivo na Mancha,
onde comprei
um cavalo, um elmo,
uma espada e um escudo.
E, também, uma caneta esferográfica,
com a qual escrevo
tolices singelas.