Cara de vento

O muro era tão alto

que esticava as mãos

para colher nuvens.

Colhia também cocô de passarinho

jogado na cara do vento.

Não adiantava a mãe gritar:

desce que o vento te leva.

Abria mais ainda os braços

e fechava olhos de sonhar

enquanto uns se escondiam

pra não machucar de vento

outros abriam boca de engolir.

Botou as mãos no bolso

e se deixou levar.

Por que não falar de sonhos

se o triste é realidade?

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 13/03/2013
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