Voz

Não há lógica densa que me convença de haver pecado por te desejar

Tampouco tribunais, ou guilhotinas da moral:

És íntimo que não me pesa.

Aquilo de que me privo na distância mas a que me autorizo na proximidade

Talvez jamais conheças

(mas talvez suspeite).

Deixo-o correr solto no anonimato, não me perdôo nunca, pois nunca hei de perdoar o que é meu.

Conjugo a liberdade para ser e a necessidade de se reservar.

Há algo que em mim consentiu e não é cúmplice,

Que tu, eu e os demais não entendemos.

Oscila, raciocina, fraqueja,

É bípede e articulado, defende-se, argumenta, permite-se,

Imobilizou a culpa e a devorou de uma vez,

Com ossos estalando confirmação.

E isso não se julga, não se enxerga,

É e o é de forma insuperável, e nenhum de nós pode-quer-irá delatar.

Pois não há eu autônomo,

tu convicto,

eles em maioria,

maiorias corretas

que me convençam de haver pecado por te desejar.

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 20/03/2007
Reeditado em 31/07/2007
Código do texto: T418856