PARÁBOLA PARA CORDEL
Em um reino muito distante
Onde ninguém sequer escrevia
Havia um poeta inconstante
De talento inebriante
Que do labor fez poesia
Figura querida do rei
Em meio a nobreza vivia
Por acaso também era frei
Se religioso isso não sei
Mais o seu sarau não se perdia
Um certo dia ficou sisudo
Sua poesia não mais se ouvia
Todo reino tornou-se mudo
Vai se entender tal absurdo
O próprio rei não entendia
O Clero assim foi chamado
O assunto virou homilia
O bispo foi requisitado
Até o Papa foi sondado
Convocaram a velha abadia
A corte apresentou soluções
Um substituto o substituiria
Buscaram entre os aldeões
Ofereceram rubros, dobrões!
Em vão, escrever era utopia
O frei revelou o inesperado
Esqueceu da rima, verso e melodia
O pobre então foi exilado
Esquecido e abandonado
Vivendo da vã nostalgia
Só que o rei cedeu a lição
Logo uma escola construiria
Entendeu que a inspiração
Precisa da educação
Para eternizar a poesia