PARÁBOLA PARA CORDEL

Em um reino muito distante

Onde ninguém sequer escrevia

Havia um poeta inconstante

De talento inebriante

Que do labor fez poesia

Figura querida do rei

Em meio a nobreza vivia

Por acaso também era frei

Se religioso isso não sei

Mais o seu sarau não se perdia

Um certo dia ficou sisudo

Sua poesia não mais se ouvia

Todo reino tornou-se mudo

Vai se entender tal absurdo

O próprio rei não entendia

O Clero assim foi chamado

O assunto virou homilia

O bispo foi requisitado

Até o Papa foi sondado

Convocaram a velha abadia

A corte apresentou soluções

Um substituto o substituiria

Buscaram entre os aldeões

Ofereceram rubros, dobrões!

Em vão, escrever era utopia

O frei revelou o inesperado

Esqueceu da rima, verso e melodia

O pobre então foi exilado

Esquecido e abandonado

Vivendo da vã nostalgia

Só que o rei cedeu a lição

Logo uma escola construiria

Entendeu que a inspiração

Precisa da educação

Para eternizar a poesia

Ciro Bevilacqua
Enviado por Ciro Bevilacqua em 15/03/2013
Reeditado em 02/04/2013
Código do texto: T4190840
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