Inconstância

Ando querendo enxergar

Em tons coloridos.

Meus filmes passam em preto e branco.

Por vezes, os rebobino.

Noutras, nem me preocupo.

Num constante “assiste e cochila”,

A vida vai passando...

Ora com holofote de um mega show,

Ora no silêncio de um cinema mudo.

A vida segue em altos e baixos

Tal qual um eletrocardiograma.

A diferença é que as oscilações

Permanecem guardadas em relatórios, de prontuários,

Apenas e tão apenas na memória humana.

Há dias em que me pego concatenando...

Tentando compreender

O porquê so ser humano

Ser tão assim...

Uma inconstância absurda?!

Penso, penso...

E aos poucos as hipóteses surgem.

Talvez seja obra da genética, creio eu.

Afinal, vemos pais e filhos

Tão iguais na ignorância

E também no cultuar d’alma.

Mas, seríamos hipócritas

Se víssemos na genética

A resposta mais certeira.

A genética talvez auxilie.

Todavia, somos feitos de opiniões ímpares.

Cada qual segue o que deseja.

Quando e o quanto seu desejar pede.

E não adianta forçar algo a mais.

Somos feitos aos poucos.

Quando nos apertam

Talvez nos tornemos mais inconstantes ainda.

Uma “mistureba” de sorrisos e expressões sisudas

Que chega a ser engraçado!

Graça aos olhos d’um,

Falta de humos para outros.

Somos inconstantes por natureza...

E cada vez tendemos à piora.

Vamos ficando velhos,

Com a pele flácida e fina,

E a paciência mais fina ainda.

Damos “coices” como touros bravos

Na mesma intensidade com que

Quase mendigamos um cafuné.

Existem pessoas que são piores.

E amargam além do café

A alma, também.

Vivem à espera do mal

A quem quer que cruze seus caminhos.

Digo que pessoas assim

Deveriam aprender

A fabricar sapatos.

As marteladas no couro duro

É o que moldam os calçados.

E o melhor, ele não reclama.

Em meio a tantas constâncias e inconstâncias

Tem dias em que também oscilo.

Tão igual a todo mundo.

Tão ímpar em minhas oscilações!...

Esbravejo. Falo mal.

Choro. Peço colo.

Ainda bem que os que me guiam

Compreendem em silêncio.

Afinal, se não o fizessem,

Talvez um surto psicótico seria a melhor solução.

Risos à parte,

Ponho-me à mercê do dia a dia.

Espero na força do tempo

A velocidade do vento

A conduzir minhas velas.

Apenas sento e espero.

Em dias de maré baixa, mar tranquilo e doce,

Contemplo a paisagem

E recordo-me a que vim.

Muitas lembranças n’alma.

Muitas perguntas no encéfalo.

E respostas?...

Ah! As respostas a vida dá!

Seja através de um sorriso infantil

Em plena segunda-feira pela manhã,

Seja no correr das lágrimas

Que já sabem os caminhos

De cada maçã do rosto

Quando as perguntas são maiores

Do que as respostas...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 17/03/2013
Código do texto: T4193649
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