DESASSOSSEGO
DESASSOSSEGO
As misérias do dia
vinham como num beijo sem hálito.
As dificuldades eram todas...
O poeta andava atordoado
com seus passos em volta de si...
As misérias eram tantas
quantas foram as desarmonias
das emoções inconstantes.
As misérias do dia
vinham, também, das prisões,
pela ânsia para conseguir luz.
As misérias do dia
iam além das arrogâncias,
e o céu se descortinava
num suplício -
tamanho eram as misérias do dia.
Uma cantiga à míngua
simbolizava uma sombra,
mas ainda com esperança de se iluminar.
As misérias do dia
vinham num caudal de esperança,
e a estratosfera inebriante
recuperava sonhos e mais sonhos
na memória do desassossego.
Novamente o retrato
das misérias do dia.
O retrato a refletir-se triste,
aguardando a redenção,
a tão esperada redenção
num vórtice sublime.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, e março de 2007.