CARROSSEL

CARROSSEL

Rebrilha o

sentimento de vácuo

amassado como carvão

em uma locomotiva.

Rebrilha o aço

na forja

e mais o sentimento

de fracasso.

Rebrilha outrora

o estanho

e o estranho

prazer do nada.

Rebrilha a

costa marinha

mais a caatinga

doce e mais nada.

Rebrilha o carrossel

das paixões

e a luneta que

não aumenta.

Rebrilha o cimento

da estatueta e

mais nada no planeta.

Repisam o que fôra outrora

mais o signo da hora.

E o planeta rebrilha

no universo inútil,

sem divisas nem dívidas,

somente o peso das vidas.

Rebrilha como antes

o anel do dedo

corsário e mais o salário.

FERNANDO MEDEIROS

Campinas, é março de 2007.