DIFERENTE
Não a mataste.
Ela obrigou-te a isso.
No fundo era o que ela queria
mas não tinha coragem.
Não enquanto encobrisse
a verdade óbvia com sonhos
tão vãos como o amor
e felicidade eterna
e como as suas acções
para alcançar tal impossível.
Ela acabaria por se matar.
Fizeste-lhe um favor.
E também a quem se preocupava com ela.
Poupaste-a à imagem de desistente
sem qualquer graça nem louvor.
Agora é um martir, finalmente.
Atraiste todas as suas
culpas e erros para ti.
Tornaste-te no arrependimento
para quem a odiava.
Deste-lhe outra fuga
com o mesmo destino
da que ela iria tomar.
Não tens nada de mal,
só não te compreendem.
Nem mesmo ela apesar
de fazer parte de ti.
Não há nada de errado
em falar e pensar de forma diferente.
A diferença leva à evolução.
Não a mataste, deste-lhe uma nova vida
que, sem ti, ela seria incapaz de obter.