DIFERENTE

Não a mataste.

Ela obrigou-te a isso.

No fundo era o que ela queria

mas não tinha coragem.

Não enquanto encobrisse

a verdade óbvia com sonhos

tão vãos como o amor

e felicidade eterna

e como as suas acções

para alcançar tal impossível.

Ela acabaria por se matar.

Fizeste-lhe um favor.

E também a quem se preocupava com ela.

Poupaste-a à imagem de desistente

sem qualquer graça nem louvor.

Agora é um martir, finalmente.

Atraiste todas as suas

culpas e erros para ti.

Tornaste-te no arrependimento

para quem a odiava.

Deste-lhe outra fuga

com o mesmo destino

da que ela iria tomar.

Não tens nada de mal,

só não te compreendem.

Nem mesmo ela apesar

de fazer parte de ti.

Não há nada de errado

em falar e pensar de forma diferente.

A diferença leva à evolução.

Não a mataste, deste-lhe uma nova vida

que, sem ti, ela seria incapaz de obter.

Daniel Delgado
Enviado por Daniel Delgado em 22/03/2007
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