COLAR DE ANIVERSÁRIO

pelo lado direito,

a paz da razão;

pelo lado esquerdo,

a paz do coração!

convivo com teu lado de dentro, com teu lado de fora,

mas só, e só, ao teu lado

saberia, enfim, como é bom envelhecer de mesmo amor.

Dava-te um colar a cada aniversário de felicidade,

hoje não mais sei contar as contas;

perdi a noção do pranto para alimentar saudades

de uma juventude pouco tida

que se esvaziava na colação-de-grau do coração;

abandonei a coleção de flâmulas, de troféus, de bolas-de-gude,

deixei de andar pela vida como os que andam pelas praias

e assumi meu bem dormir ao lado da mulher-namorada.

Agora sim, a data de aniversário da felicidade está marcada!

o tempo,

faça sol, chuva ou nada,

não é motivo para a aparente falta de assunto;

o assunto,

monótono, palpitante ou desgastado,

não esgotará as palavras que beijam-se e calam-se juntas.

A cada aniversário de felicidade dava-te um colar!

Hoje,

sem relógios, agendas ou calendários,

falar-te-ei em nome da paz mais sublime

que me deste na noção deste amor sem idade;

e amanhã, remoçando ou envelhecendo,

dar-te-ei mais um outro colar.