Aberração
Só para não dizer que não falei... De flores?
Não...
Só para não dizer que não falei de gritos
E de sorrisos, e de insônia, medo, angústia
Não, não falei dos conflitos de vossa mente
Inocente, ausente... Clemente...
Aberração diária, do gozo diário que nunca escrevo
Aberração medida a conta gotas, cautelosamente
Insanidade realista, mas não extinta
Saúde precária do corpo e de vossa alma
Que trauma! Que trauma!
E a aberração? Está aí, não vê?
Se seus olhos só conseguem ver as flores
Se sua boca só sabe pronunciar lindos versos
Se sua alma está em paz... Que pena!
Não é mais a mesma... Não é mais a mesma...
Dentes bonitos, boca suculenta, sedenta:
Sede de vingança de toda a besta
Raciocínio tão inócuo que cai na melancolia
Do dia a dia... Do fim, do mero acaso de viver
E será que sofrer é uma escolha?
Nada sei... Melhor assim