DESATA-ME

Arrasto-me no embaraço da vida

entre os espaços em branco

apertados em nós ínfimos.

Inspiro as amarras ruidosas.

Rumo ao íntimo istmo.

Risco anedotas desbotadas de risos,

elimino sisos e ciladas.

Recuo da margem desalinhada,

desato, na estrada, caminhos cíclicos.

Mais ao centro da espiral, no ponto crítico,

ouço o desenrolar do celofane encefálico.

Busco as marcas nos atalhos desse atlas

como quem busca o sabor das guloseimas

em antiga data.

Procuro o âmago no reverso do presente.

Degusto o insípido e também o doce que expele.

Aspiro ao primeiro laço de Penélope.

Rocio Novaes
Enviado por Rocio Novaes em 13/08/2005
Reeditado em 25/05/2006
Código do texto: T42278