Cerzidura.

Assim que meu Amor se for, sem pranto,

Hei de sentir a dor, enfim, presente;

Vivendo o tanto deste amar ardente

Quanto me cabe neste desencanto.

Inda que eu queira ver além do encanto

Buscando um riso que se trai ausente

Ou mesmo a lágrima e um chorar clemente

Que dão vazão e voz a todo espanto.

Por fim, hei de viver a paz sem cura

Do tempo dando voltas sobre o eixo

Do tempo quando gasto em tal procura

O trato do destrato e do desleixo

A lua cai e traz a noite escura

Na luta consumada e sem desfecho.