LIÇÕES AO ARREBOL DE UM CÁLICE

A tarde de um dia insurge da monotonia

Arvorando magia pela paisagem que descortina.

Absorto, sua alma deixa-se seduzir pelo

Vento que beija o verde das folhagens.

Umidescida, a relva exala um hálito

Fresco de vida...

O horizonte dança limitado pela parede da

Montanha bem próxima aos olhos.

Um primitivismo bucólico emoldura a cena

Enquanto um vinho desenha o script.

A alguns metros, uma nascente

Compõe a sonoplastia perfeita

Pela queda d'água que reoxigena o lago.

Uma sensação de alívio instaura um prazer invulgar.

O céu nubla um cinza de introspecção profunda

Capaz de vitimar...

Capaz de sublimar...

Insetos fazem a corte

À espreita da oportunidade

Tão humanamente ressonante...

Cada pensamento deságua numa

reticência reveladora...

Enfim, os sentimentos e as emoções

Restauram os filtros das percepções...

Afinal, a experiência da reintegração

Revela os mistérios da criação.

Razão e paixão

Sao observadas dos camarotes

Em contínua disputa pela

Egoísta luz dos holofotes.

Põe-se o sol,

Ao arrebol da tarde

Nossos passos

Seguem em frente

Rumo à batalha de novas lutas.

O vinho despede-se da taça

Deixando uma gota no fundo

Do seu útero - pronto para gestar

Novas experiências a partir

De viagens sensoriais que

Penetrarão pela lugubridade

Da alma de um outro poeta,

Que etilizado, certamente chegará

Ao reino dos céus, despido de qualquer

Compromisso Parnasiano...

Ave doce presença dos insanos

Que na sua inocência

Revisitam a simplicidade do lírio

Que adorna os campos

Rescrevendo com a mesma pena

O discurso eloqüente que resgata

O sentido genuíno da vida plena.

MARCO ANTONIO BREGONCI
Enviado por MARCO ANTONIO BREGONCI em 07/04/2013
Código do texto: T4228606
Classificação de conteúdo: seguro