LIÇÕES AO ARREBOL DE UM CÁLICE
A tarde de um dia insurge da monotonia
Arvorando magia pela paisagem que descortina.
Absorto, sua alma deixa-se seduzir pelo
Vento que beija o verde das folhagens.
Umidescida, a relva exala um hálito
Fresco de vida...
O horizonte dança limitado pela parede da
Montanha bem próxima aos olhos.
Um primitivismo bucólico emoldura a cena
Enquanto um vinho desenha o script.
A alguns metros, uma nascente
Compõe a sonoplastia perfeita
Pela queda d'água que reoxigena o lago.
Uma sensação de alívio instaura um prazer invulgar.
O céu nubla um cinza de introspecção profunda
Capaz de vitimar...
Capaz de sublimar...
Insetos fazem a corte
À espreita da oportunidade
Tão humanamente ressonante...
Cada pensamento deságua numa
reticência reveladora...
Enfim, os sentimentos e as emoções
Restauram os filtros das percepções...
Afinal, a experiência da reintegração
Revela os mistérios da criação.
Razão e paixão
Sao observadas dos camarotes
Em contínua disputa pela
Egoísta luz dos holofotes.
Põe-se o sol,
Ao arrebol da tarde
Nossos passos
Seguem em frente
Rumo à batalha de novas lutas.
O vinho despede-se da taça
Deixando uma gota no fundo
Do seu útero - pronto para gestar
Novas experiências a partir
De viagens sensoriais que
Penetrarão pela lugubridade
Da alma de um outro poeta,
Que etilizado, certamente chegará
Ao reino dos céus, despido de qualquer
Compromisso Parnasiano...
Ave doce presença dos insanos
Que na sua inocência
Revisitam a simplicidade do lírio
Que adorna os campos
Rescrevendo com a mesma pena
O discurso eloqüente que resgata
O sentido genuíno da vida plena.