Amigos
Amigos intermináveis passeiam ao fundo
ao longe e perto)
não param no desassossego
e eu os perco nas andanças
entre labirintos e trovões desses dias.
Amigos os guardo na cabeceira
nos fatos e nos causos cotidianos.
Amigos entre os planos -
assim vou mastigando a vida.
Amigos em sono na avenida.
Amigos dos porres e goles desmedidos.
Amigos das armadilhas -
das viagens inesquecíveis
e das conversas em altas madrugadas.
Amigos os guardo no travesseiro
em dígitos]
em milhões de circunferências
e depois os encontro nos trilhos.
Assim vou entre o sono e o sonho
noite a dentro)
doendo a noite inteira numa embriaguez de palavras,
doses de conhaque,
devorando pudores castos,
desenhando a vida como numa dança.