A PORTA

Há uma porta que se abre à Vida

Há outra que se fecha à Morte

Pode ser lânguido o desfecho da sorte

Ou tampouco sofrer por vil desconhecida

A noite me observa, sentado à calçada

Eu vigio a rua e ouço a porta

Ela se fecha, fúnebre, morta

E tu vais embora sem me dizer nada

De repente algo que há tempo não sinto

Invade o meu peito doente

Meus olhos estão tristes e eu descontente

Assassino maldito, maldito instinto

Se pudessem meus olhos os teus ver

Talvez nunca os decifrasse de verdade

Dentro de cada ser, de cada saudade

Há um mistério que vivemos sem entender

Tão profundo, tão indecifrável

Tão irreal, tão indizível

Ao saber que amamos um amor impossível

E que nem o abstrato permanece estável

Talvez nossa trajetória um dia seja apagada

E em nossas mentes, não exista passado

Lembranças vão embora no teu rosto ousado

E tu, Morte, vais caminhando na longa estrada...

Finalmente estou livre destes teus gestos cinerários

E já não tenho medo dos teus passos etéreos

Tu tens, meu amor, o convívio dos sérios

E a porta que se fecha, rubra Morte dos cenários

jairomellis
Enviado por jairomellis em 23/03/2007
Código do texto: T423030
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