;guardava em uma maleta:
pedaços de papéis de bala
um lenço bordado (lembrança de sua mãe)
fotos de quando era criança
e quando estava na escola
uma foto do casamento
-aquela moça e aquele rapaz lhe
são totalmente estranhos –
não via nenhuma semelhança
com o homem que dividia a cama com ela;
de valor mesmo só a foto da escola
nem mesmo o lenço lhe trazia mais inquietude
enquanto abria a mala mais uma vez
para pegar a foto da turma da escola
ligou a secretaria eletrônica e ouviu o recado:
-você não deve ter reparado que tirei todas as
minhas roupas...
desnecessário deixar-lhe bilhete
não me procure jamais...
troquei o número do telefone...
nunca mais quero lhe ver...
assim ela deitou-se sem alarde
e logo cedo caminhou por entre
todo o vivo mundo que não fazia
mais parte ...
embrenhou-se na confortável
alienação letárgica de sua essência