Casa de Nevada...

Esta Poesia desprovida de beleza,

feita de concreto armado

e de blocos de nevada,

é uma casa sem janelas,

sem portas, sem varanda...

Nela não há pássaros cantando,

nem há risos de criança.

É uma casa onde se fica de dia

e, d'onde à noite, não se sai também...

Talvez seja prisão,

talvez não seja nada...

Talvez é o próprio ego

de uma alma amargurada.

Bato nas paredes,

na esperança de que me ouçam...

Arranho os tetos e o chão,

numa agonia ensanguentada...

Nada se ouve de fora,

nada se penetra de fora...

É uma ilha humana

esta "Casa de Nevada".

_ Se quebrasse estas paredes? _

_ Mas são fortes, tão pesadas..._

_ Se galgasse os seus muros? _

_ Mas são altos, ingalgáveis _

_ Se gritasse, se gemesse...?_

_ De nada adiantava..._

_ Prisão medieval,

galeras, labirintos... _

_ Meu Deus, onde é que estou?

Eu quero LIBERDADE!... _

De longe, uma voz tétrica responde:

_ Estás na cela triste da alma desterrada,

onde somente ficam,

sem esperança de perdão,

aqueles que amaram muito nesta vida...

Os que não se deixaram guiar pela Razão...

(em 06/06/1969)

Mariza Monica
Enviado por Mariza Monica em 24/03/2007
Código do texto: T423937
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