JOÃO NINGUÉM
Que posso pensar agora,
Se tudo para mim fechou-se,
Se o que eu esperava acabou-se?
Só eu fiquei sem destino
E as folhas secas, elas o tem,
Mas a mim, me faltou a vida,
Só me deram esta ferida
Desde que eu era menino.
Parece que o traçaram,
Que não me quiseram feliz,
E este pó branco de giz
Fez-me parecer um morto
E ninguém me olhava,
Como se eu não existisse
Como se ninguém me visse,
Nem a esse fado tão torto.
O que devo fazer, então,
Se me falta aonde pisar
Neste jogo de sorte e azar
Que a vida me preparou?
Tudo correndo de mim
Como que de um leproso,
Pareço a eles odioso,
Ainda ninguém me olhou.
(YEHORAM)