ESQUEÇA O FUTURO
Busco o que não existe
e se o encontrar?
Não quero mais ouvi-lo cantar
(isso é para sereias)
nem chorar ou morrer
(isso é para rei deposto)
só quero ver o seu rosto, feliz
(pescador em mar piscoso)
Cuide do seu regresso
afaste as suspeitas, os perigos
volte do inferno bisonho
para o real mundo dos sonhos
Coma, sem medo, seu doce fruto
e extraia, do sumo, o sentido
Esqueça o que nunca aconteceu
esqueça o futuro
Repare as ofensas que cometeu,
me querendo no duro
Reconquiste logo esse reino:
de ogro a príncipe, num pulo
Que identidade é essa
– minha ou sua –
que tanto procura?
Não por acaso Ulisses salvou a vida
trocando seu nome para Ninguém
seja só (mais) alguém
que, num ato de fé,
eu amo