Madrugada dos Mortos

Retratos do dia-a-dia importunam

Noite após noite, sempre uivantes

Iluminam o escuro calmante

E minha letargia, meu transe, furtam

Infestação capilar de caracóis

Numa cabeça que ferve por mil sóis

Tiram meu corpo dos lençóis, e vivo

O que devia ter dito, feito e vivido

A cama, o travisseiro, tudo perfeito

Esperando o ritual da falsa morte

Mas minha mente, profana e forte

Inverte a horizontal, do pior jeito

De olhos cansados

Nem chorar mais posso

Só escuto o galo cantar o dia

Novo, velho, sem energia

Por sempre estar vivo

Na madrugada dos mortos.

Thales BC
Enviado por Thales BC em 24/04/2013
Código do texto: T4257039
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