Reflexos

Meu rosto de espanto

Assim me vi naquele dia

Olhos arregalados

Assustados pelo acaso

Aquele inicio de dia

Crendo eu que se repetia

Começou no meu banheiro

No reflexo do espelho

Não era eu que ali estava

Não era eu que permanecia

Estática, vislumbrada

Por aquilo que se refletia

Inéditas gravuras me apareciam

De cores diversificadas

Meus olhos não me identificavam

Outros pares me olhavam

Eram negros, verdes e azulados

Brancos, índios e avermelhados

Amarelos, pobres e desajustados

Velhos, jovens e ultrajados

Todos os olhos de todos meus outros dias

Todos os olhos que eu não enxergava

Não eram eles que no espelho me olhavam

Era eu que antes não me via...

Brigida Bezerra
Enviado por Brigida Bezerra em 25/03/2007
Reeditado em 26/03/2007
Código do texto: T425881