Transcendente forma

Pensas que tudo sabes

Mas teu mundo é triste, vazio

Sem mim

Tua existência, sombria

Se meu sorriso

Não pertence a ti

Tu não existes

Sem meu perfume

A te seguir

Não penses tu

Que vais sobreviver

Sem mim

Mais dia, menos dia

Vais cair em si

Que não adianta comer

Se teu alimento precioso

Só o meu corpo pode ofertar

Se o néctar da minha alma

Só pode ser o meu versejar

Se por mais que não me leias

Não me recites

A mim necessitas

E só por intermédio de mim

É que respiras

E se acordares, um belo dia, sem ar

Não te preocupes

É que eu estou

Sem te esperar

Já estou em outro jardim

A enfeitar outras paisagens

E talvez tu seques

Como bosque sem raízes

Como seca, com infindável estiagem

E só assim, conhecerás teu fim...

Sem chuva, rio, lago

Ou tempestade

Pois eu

Que sou vento

Suor lágrimas risos e orvalho

Não estarei mais a temperar tua estação

Serei apenas nuvem que passou

Mas, dissipada

Se entregou

E, como chuva,

Escorreu

Tornando-se outra e nova

Poesia

Virei pedra

Virei ouro

Virei sorriso

Virei cachorro

Uma criança

Transformou-me

Com imaginação

Adulterou-me

Hoje sou

Transcendente forma

Sou qual semente

Que um dia brota!

Caroline Schneider
Enviado por Caroline Schneider em 26/03/2007
Código do texto: T425996