ELEGIA ESPANHOLA

Esse excesso de cores violentas e trágicas,

Essas mãos quebradas e pés em semi-círculo,

Tudo perdido num vento que não parece, mas passa.

Sangramentos omitidos pelas cordas gastas

De uma guitarra da Andaluzia que mais mente que fala.

Essas são impressões amenas da comicidade da dança

Entregue aos quadris e aos olhos semi-cerrados

Olhando para um chão de poeira e amores pisados.

Cada escala indecisa de notas partidas pela metade,

Interpreta o trágico de se amanhecer ainda com vida.

Para os músculos não há descanso nem nenhuma beleza.

Dança-se porque a vida é breve e porque viver é vertical.

Ama-se porque não se obedece a uma linha reta no horizonte...

A geometria é ilusão para se ver Deus bem de longe,

Ou apenas para acalmar o peito com uma saudade corrosiva

Na forma de uma cruz de madeira, sem corpo e cheio de temores.

A gentileza do gesto inventa volutas no espaço aberto.

Cada grito é um mau espírito espantado,

E cada lágrima recusada, um minuto a mais na dança sem solução.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 28/04/2013
Código do texto: T4263963
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