O despertar do poeta
Era noite e o sono não vinha
O poeta saiu para a rua
Para caminhar à toa
E olhar para a lua.
Bateu-lhe a saudade no peito
E já cansado resolveu voltar
E deitar-se em seu leito
No conforto do seu lar.
Enfim veio o sono
Que trouxe um sonho feliz e triste;
Triste, pois estava em abandono
E feliz pela lembrança que ainda existe.
E ao acordar o poeta
E deparar-se com a rotina
Da hipocrisia que detesta
Foi defecar versos em sua poética latrina.
E defecou versos incríveis
E levou para exame de consciência
Os resultados possíveis:
Sofrimento e perda de paciência.
Seu médico era ele apenas
Sua doença platônico amor apenas
Sua cura o tempo apenas
O ponto final: a morte apenas.
Cícero –30-08-94