No oco do mundo

No basquete, enterra ou leva toco

Perder de zero, fonar, levar coco

Não ouviu, na minha terra é moco

Vai Coca-Zero? Não, água de coco

Perdeu a bola, lesado, dorminhoco

Cigarro grosso de maconha é toco

Uma dança de embolada é o coco

Diferença é o mesmo que troco

Baixa da égua é do mundo o oco

A pancada foi na cabeça, no coco

Abestalhado é o macho broco

De uma mulher levar fora é toco

Acabou de ser pai, tá no choco

Casa de taipa, barro é o reboco

Pau que fica enterrado é toco

Delícia, feijão e jerimum-caboco

O murro é o mesmo que o soco

Quem ofende o outro dá cotoco

Sem graça, desenxabido, xacoco

Responder à ofensa é dar o troco

Cabra falso é santo do pau oco

Em Pernambuco propina é toco

Não tem miolo, é vazio, é oco

É meningite, é pneumococo

Estouro, explosão, um papoco

Amigo de fé, matuto, caboco

Futebol, chute forte é um coco

Aleijadinho tinha estilo barroco

Dois sertanejos, Tonico e Tinoco

Francisco de Barros é o tio Caboco

Meu irmão Gime, apelido Ginoco

Ator pai d’égua, Francisco Cuoco

Venezuela, maior rio é o Orinoco

Messias Holanda e o pé de coco

No Japão, seis alqueires, um koko

Luiz Gonzaga na sala de reboco

Espie só que medonho sufoco

Tudo rima no oco, pouco a pouco

Morada Nova tem Alto do Papoco

Sol, Coceirinha... haja louco!

O mais alto de nós não é mais que um conhecedor

mais próximo do oco e do incerto de tudo (Fernando Pessoa)

Enio Giuliano Girão
Enviado por Enio Giuliano Girão em 29/04/2013
Reeditado em 01/05/2013
Código do texto: T4266219
Classificação de conteúdo: seguro