Por enquanto...

Por enquanto

Caminho pela madrugada

Podendo sentir o ar gélido

Adentrar em meus poros.

Talvez daqui a alguns anos,

Não mais.

Por enquanto

Ouço o barulho da chuva

Batendo fortemente na vidraça.

E rezo com toda força.

Ainda sei fazê-lo.

Daqui a algum tempo,

Talvez me esqueça das palavras.

Por enquanto

Sinto nos lábios

O gosto suave e adocicado

De um chocolate ao leite.

Ou mesmo branco.

Fecho meus olhos e sinto.

Saboreio.

Quem sabe daqui para frente?

Não sei.

Por enquanto

Danço ao som d’uma melodia

Que faça bem aos meus ouvidos.

E nem preocupo com os obstáculos

Que sempre cruzam o caminho da dança.

Amanhã, no entanto...

Talvez eu precise de auxílio

Para não me estabacar

Todas as vezes que o esqueleto

Quiser remelexer ao som da música.

Por enquanto fecho os olhos

E sinto a brisa, o vapor quente

Do sol do meio-dia

Toda vez que saio de casa.

Daqui a algum tempo

Talvez eu me trancafie

Com medo dos raios solares

Danificarem mais ainda

Minha fina e frágil cútis.

Por enquanto sei a que vim.

Vim em busca do amor.

De todo o amor do mundo.

De sua forma de amor

Ao transcender as barreiras da dor

Em prol do brilho das auras afins.

Numa mágica maneira de encontrar-se

Seja diante do espelho

Numa eterna saudação

Seja na delícia da surpresa

De um encontro sorrateiro

Que alegra o dia inteiro

Só para rechear sorrisos.

E por saber tanto do amor

É que posso dizer

Com palavras tão absolutas

Que por enquanto ando

No caminho da minha felicidade.

Ando acertando as pedras em que piso.

Mesmo com todo o medo do mundo

Em quebrar meus dentes

Ao pisar em pedra falsa.

Ainda bem que ainda não os perdi.

Estão intactos.

Mesmo amarelados, por vezes,

Com alguma mágoa da vida.

Coisa natural,

Depois de tantas lições de sabedoria.

E por falar em sabedoria

Posso dizer que, por enquanto,

Ainda sou graduanda.

Estudo, estudo...

Para um dia, lá na frente,

Poder volitar minha pobre alma

E enterrar minha carcaça humana

Com toda a dignidade

De alguém que buscou o bem.

Com toda a pompa

Merecida por qualquer reles mortal

Que desce à Terra

Mesmo sem saber a que veio.

Mas que faz o melhor que pode

Com todas as armas que possui.

E isso, sem dúvida,

Por enquanto, posso dizer

Que sou capaz de fazer...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 05/05/2013
Código do texto: T4274688
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