Doação

Desisti de crer em promessas.

Elas são feitas sob areia fina.

E levadas pelo vento

A cada tempestade.

Resolvi fechar meus olhos para o que não brilha.

Se não tem luz própria,

Pouco serve como ser reluzente.

Roubar a luz alheia deveria ser crime.

Busquei os formatos mais ímpares

Das flores mais sublimes.

Hoje me contento com uma flor de laranjeira.

Desde que ofertada de coração.

Por falar em coração.

É preciso dizer que ele segue bem.

De saúde e de sentimentos.

Quando se deixa para o lado

Tudo o que não acrescenta,

Pouco a gente se importa

Com coisas inúteis.

Os cabelos já ficam brancos por natureza.

Para quê então deixá-los alvos mais cedo?

Resolvi deixar a vida seguir seu rumo,

À medida que a canção toca.

E quando a melodia muda,

Que mude também o ritmo da dança!

Aprendendo ritmos variados

Podemos chamar ao baile

Quem quer que queira ousar.

Afinal, de mesmice torturante...

Já estamos todos de saco cheio!

E com o saco cheio

Não há vida que caminhe.

Pode até caminhar,

Mas sem aquele sorrisão aberto na cara.

E isso sem dúvida faz toda a diferença

Na hora de escolher as coisas, as pessoas.

Por isso cerrar os dentes o tempo todo

Torna-nos seres intragáveis.

Fugitivos de nós mesmos.

Aprisionados numa mediocridade sem tamanho.

E de medíocres

Até o diabo está cheio!

Fazendo revezamento no inferno,

Por falta de espaço útil.

Então, o lema é desapegar.

De tudo o que não serve mais.

Às vezes, o que não nos serve

Talvez seja o que falta

Para a felicidade alheia.

Doe!

Ecoe sua liquidação, seu leilão de inutilidades!

Quem sabe no leilão do vizinho

Você também não encontre

Aquele ouro todo brilhante

Que faltava para o seu sorriso reluzir também?

Quem sabe?...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 08/05/2013
Código do texto: T4279668
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