SEM(PRE)CONCEITO
OUTRAS POESIAS
SEM(PRE)CONCEITO
Sou preto
da alma branca.
Sou limpo,
por que também
tenho o orgulho de não me abstrair com os brancos,
imundos,
oriundos de um mesmo mundo,
imundo como o meu.
Sim, sou preto,
negrrrrro!!!
Mulatinho,
da cor do café.
Sou carvão ou petróleo,
sou raça, sou o sol - (só).
Sou tempo.
Só não sou nojento;
sou o sangue vermelho
em desespero.
Sou a sombra do branco,
fraco, vaidoso...
branco da alma preta,
sujo.
Por que não se mistura - (junta-se)
com o negro.
Branco amarelo,
incolor, da cor da água,
leite...
nata - (nada).
Desgraça - unguento.
És o mesmo sangue do teu irmão preto - atento.
Vermelho, nunca azul.
Somos todos sem sangue,
sem cor,
sem amor...
Somos uns incolores
perante a existência.
Laje, 05/05/1977 - Ba.