[Distância de A... até C.]

Com o tempo,

pedra a pedra,

muro a muro,

rua a rua,

perda a perda,

ponte caída a ponte caída,

saudade a saudade,

poente a poente,

noite a noite,

Ela a [outra] Ela,

gente aprende mesmo a falar calado.

Eu aprendi tanto,

tanto que o meu corpo mais que fala:

contorce,

geme,

uiva [relincha] carências,

dói distâncias,

mas em silêncio...

pois não há ouvidos próximos.

Parece mesmo que tudo,

tudo é uma questão de distância!

E não carece nem de especificar:

o que mais eu sinto doer

é a distância de A... até C. — essa ferida sempre aberta,

essa ardência que até descamba em sonhos eróticos...

Eu sofro o suplício de Tântalo:

tudo que eu quero e tento [tocar],

nega-se-me — reflui na distância!

Hoje, tenho absoluta certeza de que sou ninguém,

sou um qualquer, um risco tangente à face intocável do tempo:

eu sou C. — o lugar geométrico tridimensional da solidão!

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[Desterro, 11 de maio de 2013]

[Eu me engano?! Ou tem gente que se deixa enganar por mim...

para esses, o meu sorriso "V" de calango morto!

Faço do mundo uma diversão: eu não me levo a sério!]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 11/05/2013
Reeditado em 11/05/2013
Código do texto: T4285010
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