SALAMANDRA

Observo atenta e invejosamente

O anfíbio caudado colorido

Que vai e vem

Nada como quem não quer nada

Corre pela mata e volta para a água

Livre como o vento

Não quero o poder

Dos sem caráter

Daqueles que não tem honra

Dos ruminantes

Nelores e zebus globais

Que pastam entre cercas

Não quero ver o mar

De dentro do seu edifício

Quero a montanha mais alta

O mar mais bravio

O rock mais alto

Quero na veia e na lágrima

Não quero Flórida

Nem Papa

Nem Torre Eiffel

Nem Vaticano

Quero o pulsar do artista puro

E não a Disneylândia

Não quero o verde, amarelo, azul e branco

Nem sua ordem

Nem seu progresso

Quero a individualidade

Do eterno caos

E as cores do rabo da salamandra