A loucura e o Elogio

Não quero seus olhos hipócritas se arranhando em minhas palavras...

Ásperas de um sentido desgraçado.

Nem seus comentários como balas de chocolate vindas de metralhadoras...

Prefiro suas mãos nuas aliciando-me o corpo como quem deseja saborear a carne...

Com os lábios trêmulos e a mente vazia se entregando ao acaso ao impulso!

Que inflama...

A pele borbulhante arrepiada de loucura e o rígido corpo esponjoso, onde o sangue se arma.

Quero o penhor de um olhar, apenas o penhor de um olhar...

Apenas seu apetite por imagens, seu banho de chuva seu mergulho louco!

Na imaginação de sua cabeça para lavar-se das conclusões estranhas que tens de mim.

Palavras simples que conquistam meus segredos... Meus absurdos olhos.

Abusando das formas de tua pequena vagina e seu hímen lacrando os sussurros.

Leio teus olhos, um poema, um vírus, um apocalipse!

Escavo o olhar perdido na curiosidade, assaltado, rendido, perdido.

Como os olhos de quem espia um corpo desnudado com todo sigilo.

Olhos que são as fachadas de tudo.

Solido olhar na teia que cintila sobre teu corpo

Duro embrutecido pela casca dos diamantes informes.

Escravos meus olhos se gastam nas palavras!

Procurando formas abstratas em frases segredadas de metáforas.

Penetro a alma revirando metáforas dos teus olhos...

Procurando o inimaginável em tua mesa vazia!

Vou com vozes mudas, e olhos atentos pela madrugada!...

Mexo meus dedos teclo para mim!

Invento o vento que me veste a alma espancada.

Sufoco minha vista para ver na luz, essas palavras que me foram destinadas!

Detesto-me para o resto desta minha sorte.

Escrevo assim pós o fim é morte.

Vou variando escalas, sem versos que pungem em peitos desabitados,

Exercitando a loucura e o elogio à devassidão de ambos os lados.

Minhas armas foram garfos e facas! Bocas ressacas...

Minha inspiração!...

Medo, tristeza e solidão!

Uma cifra desesperada que compôs a melodia dessas três exuberantes notas vazias de emoção...

Da própria carne que se estripa sem geografia feita das duvidas de um sentimento ameaçado...

E que apodrece seu bom gosto derivado.

Detesta!

Morre!

Enquanto as luzes da cidade estática

Comprimem os olhos de ressaca.

Enquanto seu carinho suicida de lamina afiada

É aceito em meu peito, como faca.