Ainda continuo com a mesma ânsia

O verbo sacudiu minhas artérias, entrou devagar em minhas entranhas e soprou o ar rarefeito do infinito. Parti rumo a dúvida. Rumo a fumaça enegrecida dos lóbulos cerebrais. Fui sem medo. A única certeza é o verbo na página que sagra e não se cansa. Tenta se reinventar em silêncio. Corro entre nuvens choronas lamentando a morte de Deus. Os homens são animais sem dó dos anjos de assas brancas. Ultrapassei o sinal da loucura. Sigo o semáforo para não morrer na linha. Em mim as flores não são tão rosas ou violetas, elas são florais e as vezes carregam uma lama cheia de versos. Carregam até lâmina cortante pois não suportam a dor do mundo. Quanta loucura nesse mundo? Quanto coisa temos de aguentar calado? Falar é perigoso em meio a tanto vazio e balas que nos atingem. A dor em meu peito transcende a dor do mundo, daí grito procurando algum sentido. Alguma resposta. Vou em meus passos vermelhos cortando as vestes dos sentinelas armados. Na poesia fingimento. A única verdade derramada é o desejo da mudança, enquanto a notícia na tevê diz que no outro continente mais gente morre de fome. Daí fecho a porta e parto com meus rascunhos, sentido que o fim está próximo. Vou na ânsia, meu sangue escorre tão lentamente.