Filosofia Assimétrica

Platão, grande filósofo da Antiguidade

Ensinava os jovens, em sua Academia.

Conceitos, idéias, formas, enfim.

Buscava o alcance da Sabedoria.

Para ele, as coisas aqui representavam

Reproduções amalgamadas, figuras imitadas

De um lugar superior, bem acima

Onde, ali, permaneciam as idéias imaculadas.

Lá habitava o perfeito modo de ser

Aquilo que lá era, realmente era

Não como aqui, onde as coisas parecem que são

E nelas acreditamos, sem pensar em outra esfera.

Continuavam os ensinamentos a dizer

Que para se mergulhar em tão intenso saber

Necessária e presente a admiração se fazia

Com ela, assim no íntimo, passava-se

A ser praticante de filosofia.

A filosofia - ciência máxima para uns

E, para outros, simples modo de pensar -

É a capacidade de deslumbrar-se e admirar.

Pelo bom, verdadeiro e belo, enfim, se apaixonar

Numa palavra - Beleza - se resume tal sentimento

Que forma, conduz e educa todo o pensamento.

O mesmo do homem apaixonado

É o pressuposto do Filósofo: amor

Admirar-se, transformar-se num admirador

Encontrar beleza, ainda onde ela não possa estar,

Dos mais puros momentos, se apaixonar

Este é o verdadeiro admirador

Aquele que tenta sempre alcançar

A verdade da beleza ideal

Sem jamais suas regras violar.

Pensava eu ter conseguido tal vôo

Em vão! Acreditava ter alcançado o patamar

No qual muros, barreiras e prisões

Não impedem nunca o horizonte de olhar.

Em vão! Digo-o de novo, sabendo

Que erram aqueles que, buscando o prazer,

Mergulham na dor. Tentam fuga desorientada

Vida desregrada, sem destino ter.

Não, em dor não estou. Percebo

Apenas a insípida ausência

Da admiração que me impulsionava

Ao saber, no decorrer da existência.

Não desejar minha admiração não é em si

Ferida ou destruição. Apenas me distancia,

Afasta-me e retira-me da Escola

Da tão desejada platônica Academia.

João Ibaixe Jr
Enviado por João Ibaixe Jr em 29/03/2007
Código do texto: T430323