SER TÃO MINEIRO

Sou tão poeta quanto sou mineiro
E tão sentimental e celerado
A minha alma de sonhos é canteiro
Onde cultivo um coração calado

Eu sou um trovador inveterado
Que fala em métricas e pensa em rimas
Das Gerais, falo e canto emocionado
dos ares, das paisagens e dos climas

Sou homem merencório das montanhas
A vagar solitário nos caminhos
A enxergar o murmúrio das entranhas
Das matas, terras, águas e dos ninhos

Alma notívaga a pairar silente
Na escuridão soturna dos umbrais
Sentindo a quintessêntica semente
De ódios e de amores eternais

Que renasce ao raiar de cada dia
Respira o céu, escuta o que o sol disse
E sente as guloseimas que aprecia
Pelo sabor, beleza e mineirice

Doce deleite que é poetizar
Ser tão poeta no sertão das Minas
Ouvir e ver o aroma deste ar
De flor e ferro e doce e pedras finas!