AGORA SEI

Quando era puto

Meio palmo de gente

Falava grosso pr’armar em homem

E gritava: Eu é que sei, Eu é que sei, Eu é que sei

Era o princípio do início do tempo

Mas quando me tornei maior

Eu dizia: Eu sei… Calem-se

Desta vez eu sei

Hoje em dia

Tentando retornar

Olho atento a natureza

Como fazem todos os tolos

E não sei como poder voltar

Aos vinte e cinco anos eu sabia tudo

Dos sonhos, da vida, das rosas, do amor

Do amor… sobretudo…

Mas nem uma volta dera

Desgraçadamente era um anão

Não tinha comido todo o pão

No meio da vida ainda aprendi

O que aprendi? Pouco mais que três palavras

No dia em que és amado

Isso é tão bom

Melhor não sei dizer

Mas é tão bom

E agora aconteceu na minha vida

Agora no Outono da minha vida

Esqueço as noites de aventura

Mas jamais as manhãs de ternura

Toda a juventude disse que sabia

Quanto mais procurava

Menos aprendia

No relógio as horas continuam a passar

Olho a terra da vidraça

E continuo a perguntar…

Agora eu sei

Eu sei que jamais saberei

A vida, o dinheiro, o amor, as rosas…

Coisas que jamais saberei, nem a cor das coisas

É tudo aquilo que sei

Mas muito tarde sei

2002/07/17

Ressoa

*Versão livre de Maintenant je sais. Canção de Jean Gabin

Direitos reservados João Moutinho Sócio da SPA - Sociedade Portuguesa de Autores

ressoa
Enviado por ressoa em 17/08/2005
Código do texto: T43174