Cheiro de Carinho

Há pessoas que nos cheira a alma...

Igual cachorro.

Sabem cada febre interna nossa.

Cada tristeza, cada sentimento mal resolvido.

E fazem isso por simplesmente nos amar.

Assim, incondicionalmente.

Sem vergonha de correr para o abraço.

De demonstrar no meio do mundo todo

O quanto somos especiais, naquele momento.

Há pessoas que têm cheiro doce.

Que fica na roupa, o dia todo o perfume,

Depois do abraço apertado.

E a gente fica inalando o resquício de perfume impregnado,

Só para sentir a sensação boa, várias vezes.

Há também aquelas que de tão doces

Acabam se fazendo ácidas.

Dessas, fugimos a passos voadores.

Não nos acrescenta só nos mina as forças.

Mas, o cheiro principal das narinas...

A se olfatar com vontade, sugando todo o ar próximo

É o cheiro do carinho.

Cheiro bom, delicioso de ser olfatado, a hora que for.

Cheiro de bolo de fubá da vovó...

De café coado na hora...

De fruta pega no pé.

De carta guardada por anos, cheia de doçura.

E relida ao pé da cama, com os pés para cima.

Numa noite de insônia ou mesmo turbilhão de sentimentos.

Cheiro de cafuné nos cabelos, depois de um dia exaustivo.

De se sentir importante.

Nem que seja para o cachorro que, por horas, nos aguarda na porta.

Cheiro de bala de eucalipto

Sorvida, derretida no canto da língua,

Depois do beijo apaixonado.

Cheiro de sorriso aberto, assim, do nada.

De olhar no espelho e ver que, apesar das rugas,

Ele continua lá no meio do rosto.

Enfeitando um pouco a alma.

Traduzindo um pouco a gente.

Em pedaços, em dentes...

Cheiro de colo de mãe, depois de ralar o joelho, na infância.

Ou de levar aquele fora do amado da adolescência.

Cheiro de confidenciar à irmã

Que a vida é para ser sentida dentro d’alma.

E que nunca é tarde para ser feliz nessa vida.

Cheiro de prosa com a amiga, confidente.

Cheiro de luz adentrando pela fresta da janela.

Iluminando a alma, deixando leve.

Cheiro de paz no coração.

De amor dentro do peito.

Em cada veia.

Em cada pequenino pedaço que exista.

Cheiro de carinho.

Seja ele o carinho que for.

Como for.

De quem vier.

O doce perfumar da vida

Para que ela não feda.

Quando passarmos por aí...

Quando ousarmos por a cara para fora da janela

Em dias ou noites de frio intenso...

Cheiro de carinho demorado, bem dado, sem esperar nada em troca.

Bem por aí...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 02/06/2013
Código do texto: T4321272
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