Desejo e Fuga

Perturba meus pensamentos

E some...

Como se fosse assim,

Algo gostoso.

Atiça minhas madrugadas,

E depois finge não ser nada.

Deixa meus pensares.

Devolva-os!

Só um pouquinho!

Necessito deles para me orientar.

Para não olhar a caixa de mensagens

De dois em dois minutos.

Para não adormecer agarrada ao telefone,

À espera da sua ligação.

Coisa clandestina essa nossa!

Sem vergonha, sem juízo!

E eu fico me perguntando

Até onde mexo com você!

Até que ponto ensaia um “bom dia!”...

E apaga, para se arrepender depois.

Até onde vai sua loucura.

E minha aceitação.

A minha ansiedade.

Até onde nomenclaturo o desejo

E suas consequências.

Até onde vejo, e não vejo.

Até onde todo o querer será bem-querer.

Perturba meus minutos,

Ansiando-me por ouvi-lo, inesperadamente.

Por demonstrar e não demonstrar também

Toda essa faísca que nos incendeia.

Todo esse incêndio diabólico, quase doce.

Que invade a pele.

Que penetra além de nós.

Que arrepia e umidifica.

Que desconecta totalmente.

Perturba meu sono, meu dia.

E se esquiva, como filhote de cão

Com medo da bronca

Por suas traquinagens infantis.

Será isso medo?

Aquele frio na boca do estômago?

Ou simplesmente falta de sorte?

Não sei.

Só sei que é crueldade, das grandes.

Dar o doce,

E não deixar a criança aqui desfrutar

Da doçura toda que provoca na língua.

Crueldade sem fim.

Isso sim!

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 05/06/2013
Código do texto: T4327012
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