PAGA-SE...
PAGA-SE...
Paga-se por
ser humano
na ardência do sol soberano.
Paga-se por
ser humano
na rutilância das
adagas em flama.
Paga-se por uma
cama
no rosário sem
fim dos enganos.
Paga-se por ser humano
no abandono da rua,
no rosto do indigesto.
Paga-se por ser humano
na estrela que não se alcança,
no limite sem fim
nos cotidianos trágicos.
Paga-se por ser humano
ao preço de um amigo.
Paga-se por ser insano
no múltiplo canto
cinéreo do mundo.
Paga-se por ser mundano
o preço da cruz no meridiano.
Paga-se por ser humano
a cada jogada num flerte
obsceno.
Paga-se por ser humano
no abatedouro dos desatinos planos.
FERNANDO MEDEIROS
Campinas, outono de 2007.