Sem título

Euna Britto de Oliveira

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Até o retrato do fogo é bonito!

Um morro em chamas

Uma fogueira fagueira

Uma tocha acesa na escuridão

A dança do fogo nas chaminés das indústrias...

Há uma chama saindo de dentro de um Coração!

É assim que Alguém me chama...

A parede com fotos também é bonita:

Minha mãe, meu pai, meus irmãos...

E a penitência de uma ausência longa como as muralhas da China...

E a paciência que se aprende...

E não se ensina.

Até os pernilongos pertenciam à família,

Por causa deles, fazíamos cortinados...

Às vezes, regressão é coisa tão natural!

E pode fazer tanto bem

E pode fazer tanto mal!...

Na oficina de São José,

Ele devia trabalhar em pé!

Fazia bancos perfeitos,

Mesas e coisas do seu tempo...

Devia ter martelo ou o equivalente

E manejava bem seus instrumentos cortantes!...

Chegava Jesus

E brincava com pedacinhos de pau...

Devia ser assim.

Maiorzinho, até ajudava José a fazer os móveis,

As portas, as janelas...

Maria se orgulhava, de orgulho bom,

Vendo Jesus e José,

A Sagrada Família!...

Dizem que crescer faz doer.

Devo estar crescendo...

Sei que já sou mãe,

Mas continuo filha...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 01/04/2007
Código do texto: T433211