DA HUMANA CONDIÇÃO * Páscoa

--- Ecce Homo, sempre! ---

Desfeitas as entranhas, sangue e pus,

o que restou de mim, aos pés da cruz!

Os fariseus não brincam em serviço!

Famélicos, em bárbaro delírio,

fizeram dos meus restos um feitiço,

quiseram-me a sofrer mais um martírio...

E se morri, o tempo não passou!

De mim, persiste ainda a luz que sonha...

Mãos dadas com o fel que me imolou

nas aras da ignomínia e da vergonha...

O tempo exalça ainda a impunidade

e é débil toda a voz que dá o alarme!

Se em mim persiste o grito da verdade...

...também a ira de crucificar-me!

Páscoa de 2002.

Viana do Alentejo * Évora * Portugal

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 17/08/2005
Reeditado em 29/07/2018
Código do texto: T43323
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