Descrição

Descrever quem ama descrever o mundo

É tão ou mais complicado que narrar jogo de final de campeonato.

É prestar atenção nos detalhes mais pequeninos,

E depois ter que pôr no replay, para não desconfirmar o lance.

É driblar todos os pontos interrogativos,

E usar da objetividade nomenclaturada.

É deixar a subjetividade de lado.

Mas, como posso deixá-la, pô-la para escanteio,

Se sou eu ser subjetivo?

Sou subjetividade pura, nua, crua.

Sou ser subentendido,

Ser das entrelinhas, das estrelas da noite?

Sou das lágrimas para não explodir.

Mas, tão minhas, escondidas.

Sou das letras para traduzir tudo.

Dos dicionários, dos sinônimos, das morfologias...

Nunca dos antônimos, nem das exatidões.

Sou dos acordes dedilhados,

Sentidos e ouvidos no fone, bem baixinho.

Debaixo do cobertor, em noites de solidão.

E olha que de noites solitárias, eu entendo.

Principalmente, daquelas em que estamos tão solitários com a alma.

A noite parece tão maior que as horas que deveriam ser de sono.

E quase nos engole, de tantas incógnitas.

De tantas perguntas sem respostas.

De tanta falta de objetividade, racionalidade...

As dores da alma, por vezes, refletem no corpo frágil.

E então buscamos um colo gigante, para adormecer à vontade.

Tudo o que queremos são nos sentirmos queridos, compreendidos.

E então, quando encontramos isso tudo...

Parece que encontramos a paz... Tão procurada!

Tão difícil descrever a alma humana, em sua exatidão.

Em especial, a minha.

Sou aquela que sonha, busca flores.

Que conversa com o cachorro do vizinho, da escola.

Aquela que guarda o papel de Halls no bolso,

Só para achar um cesto de lixo, próximo.

Aquela que levanta na madrugada,

E não manda o despertador na parede.

Que busca ser paciente, compassiva.

Mas, que em noites de solidão ansiosa

Não consegue se controlar muito, não.

Sou um pouco de paz, para acalmar.

Uma pitada de açúcar cristal, para adocicar.

Um pouquinho de essência de eucalipto, para refrescar.

Sou do amor, sempre!

Dos sonhos, sempre que possível.

Dos olhos brilhando, às vezes.

Das lambidas do amor de pelos, todas as manhãs.

Dos rabinhos abanando, dizendo que ama.

Do amor, da música.

Dos planos, todos.

Das concretizações, quando dá.

Mas, que crê nos olhos fechados,

E no coração.

Ele sempre diz o que há de ser feito.

Ele acerta, por mais que duvidemos.

Ele sempre acerta.

E ouvi-lo é sem dúvida um exercício de paciência,

De honestidade consigo mesmo

E acima de tudo, de sabedoria.

Sejamos, pois, um pouquinho mais sábios.

Senão com os outros, conosco mesmo.

Vale a pena olhar internamente para todos os quês...

Ah! Se vale..

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 09/06/2013
Código do texto: T4332786
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