Poema desincorporado
O ônibus em movimento em ruas paradas,
Vermelho: sinal fechado,
Porta fechada,
Mentes fechadas,
Caixão fechado,
E pessoas pagas para chorar e comentar sobre qualquer assunto.
O relógio em cima do criado mudo,
Você precisa esperar a hora certa de acordar,
Esperar na fila para pagar as contas,
Esperar pelos colegas no final do trabalho na sexta-feira,
Esperar pelo Amor que nunca responde tuas cartas,
Esperar que a vida acenda um pouco de descanso em ti,
Esperar o salário do mês que morre em poucos dias,
Esperar os movimentos inconscientes das pernas e ideias,
Esperar a ausência plena de toda espera,
E as crianças jogam futebol no meio da rua
Enquanto o arrebatamento da igreja e dos eleitos não surge.
E nos ensinam a ser civilizados,
Nos ensinam como amar os cônjuges,
Nos ensinam a maneira correta de olhar para as partes sexuais de quem faísca a nossa volúpia,
Nos ensinam a trabalhar com competência e ética,
Nos ensinam a nos revoltar com as notícias ruins que as mídias nos transmitem,
Nos ensinam a rezar e a quem rezar,
Nos ensinam as maravilhosas armas do conhecimento.
[A garota vomitou perto daquela árvore,
Era aproximadamente 3:40 da manhã,
E no vômito só havia pedaços de sua própria alma putrefata.]
Chegando em casa ele não encontrou abrigo no seio do próprio lar;
A televisão estava desligada,
Os filhos permaneciam desligados diante do computador,
O coração da esposa estava desligado para os afazeres domésticos,
E os sons das ondas de qualquer indício de vida naquela casa estavam desligados,
Durante todo o dia,
Não... Durante todo o mês.
Mas precisamente durante várias décadas,
Porém alguém me perguntou onde ficava a "Avenida dos Libertadores",
Eu respondi e indiquei o caminho,
Como se andar ou continuar inerte
Pudessem solucionar e encontrar o X de qualquer questão.
Viver não é uma questão e nem uma sequência de escolhas ou de casualidades;
Viver é não-ser, é jamais-conhecer, e nunca-ter.