Dom

Dizem ser dom meu

O escrever das palavras.

Mas, não.

É apenas uma extensão de mim.

É apenas um revelar de alma

Que, dia a dia, se oculta quase que totalmente.

É um pouquinho a mais de sonhos.

É buscar os motivos que valham a pena.

Não sei se o dom prevalece.

Só sei que elas, as palavras, casam-se.

À medida que voam da caneta.

Acomodam-se no papel branquinho

Para flutuar em meio aos sonhos.

Flutuam como mágica, ilusionam como mestres.

Sou poesia!

Pura, nua, crua...

Sou dos versos todos

Rascunhados em papel de pão.

Das faltas deles, também.

Sou das estrofes,

Das rimas, às vezes.

Escrevo como forma de me encontrar.

De beijar minh’alma.

De espantar a solidão.

Escrevo por necessidade do corpo, da mente.

E d’alma também.

Uma necessidade que me consome

E me faz deslizar as letras

Tão rapidamente no papel!

Através das palavras

Sou gente, sou fada.

Sou anjo com asas enormes

E auréola acima da cabeça.

Mas também um pequenino demônio

Com seu tridente afiado.

Pronto para espetar o bumbum alheio

Daqueles que me perturbam.

Sou fada com musseline cor de rosa

E todo o glitter a que tenho direito.

Fecho meus olhos

E o que sinto são perfumes e paz.

Uma paz que não tem nome, mas alma.

A minha!

Sou feliz comigo mesma

E muito mais com a caneta preta nas mãos.

Ou a vermelha, também.

Odeio escrever com tinta azul.

Não sei por quê.

Mas o azul me entristece.

Gosto da cor preta.

Ela me inspira mistério.

Já a vermelha...

Todo o excitar do mundo.

Dos sorrisos, das falas.

Gosto do lilás, em tempos alguns.

Quando minh’alma transcende

De todo sentimento bom.

De tanto amor dentro de si.

Sou poesia, sou prosa, algumas crônicas.

Contudo, sorrio bem mais

Quando as palavras se encaixam

Linha embaixo de linha.

Com rima e comédia.

Sem ela, mas com uma excitação louca!

Com todas as vírgulas, reticências...

Que tanto tem meu viver.

Escrevo por amar fazê-lo.

E talvez seja por isso

Que tudo saia tão bom!

Tão gostoso nos encontrarmos nos textos.

Um pouco meus.

Um pouco de quem me lê.

E de quem os sentem

Dentro das mais sutis fibras d’alma.

Isso sim deve ser dom!...

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 15/06/2013
Código do texto: T4342454
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