Solidão no Cio
Conto estrelas para enganar
a fria saudade
Bebo o elixir da eternidade
na taça amarga do viver
Miro a nudez da rua escura
excito-me com a languidez da lua
que acaricia minha mão
Ébria de compaixão
afaga o cio da solidão
Lágrimas agonizantes
descem pelo rosto
molhadas com o néctar do desgosto
como um velho terço de rezar!
Caem no claustro frio da dor
Com olhos de pavor
Fazem uma prece dolente
e começam a chorar
Chorar por um tempo morto
em que um sonho torto
afogou-se no mar da ilusão
Enterrou-se na sepultura do coração
Sobre as muralhas do esquecimento
Criva sobras de sofrimento
da turbulência da alma
acorrentadas sobre os elos do lamento
De joelhos aos céus implora
amaldiçoar o maldito verbo amar
Promete nunca mais hastear
o mastaréu da paixão !
Recife-24/01/2005
02:36