ANGÚSTIA

Na angústia, calado

do quarto de dormir

revejo folhas mortas,

repasso páginas

penso em mim.

Reformulo e sintetizo

ações várias

Alço voos inatingíveis

em mundos meus, íntimos.

Divago sobre amores

nunca vividos

Reconto os elementos

da coleção jamais iniciada

Nesta angústia do existir

Redistribuo sonhos

Espalho mágoas

Insinuo dizeres

que me destoe.

Fisgo desejos efêmeros

como bolas de sabão

A angústia me avermelha os olhos,

me dilata por inteiro

me suga o dia inteiro

me castiga a inocência

de ser

me angustia a angústia

Dela faço o meu existir

Com ela quebro

espaços do interagir

Depois dela não faço

se não agir.

JAMERSON SILVA
Enviado por JAMERSON SILVA em 23/06/2013
Reeditado em 23/06/2013
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