Tenho medo
Tenho medo
da felicidade momentânea
Da alegria espontânea
Do doce encanto
da histeria das horas
Tenho medo
dos novos caminhos
Das flores perfumadas de
afagos e carinhos
com cheiro de desilusão
Tenho medo
de acordar os sonhos
Dos dias tristonhos
que adornam o estéril
jardim do coração
Tenho medo
de atravessar a obtusa
geografia da alma
Estradas desertas e calmas
cravadas de espinhos de solidão
Tenho medo
do rumo errado da história
de morrer antes de beijar a aurora
da boca da ilusão
Tenho medo
do espelho cego do tempo
que traz tantos desalentos
como o falso retrato
de uma vida em 3 x 4
Tenho medo
Da tristeza premeditada
do amargo fim
Das loucuras poéticas
que nascem e morrem
caladas dentro de mim
26/12/2004