Tenho medo

Tenho medo

da felicidade momentânea

Da alegria espontânea

Do doce encanto

da histeria das horas

Tenho medo

dos novos caminhos

Das flores perfumadas de

afagos e carinhos

com cheiro de desilusão

Tenho medo

de acordar os sonhos

Dos dias tristonhos

que adornam o estéril

jardim do coração

Tenho medo

de atravessar a obtusa

geografia da alma

Estradas desertas e calmas

cravadas de espinhos de solidão

Tenho medo

do rumo errado da história

de morrer antes de beijar a aurora

da boca da ilusão

Tenho medo

do espelho cego do tempo

que traz tantos desalentos

como o falso retrato

de uma vida em 3 x 4

Tenho medo

Da tristeza premeditada

do amargo fim

Das loucuras poéticas

que nascem e morrem

caladas dentro de mim

26/12/2004

Zena Maciel
Enviado por Zena Maciel em 18/08/2005
Código do texto: T43561