Um palhaço e a platéia
Ele citava antigos pensadores,
contava sobre mundos;
não os seus mundos.
Dizia conhecer o perfeito;
tão perfeito que esquecia-se
de si mesmo.
E eu ouvia.
Citava também grandes poetas,
declamava versos;
jamais seus versos.
Julgava-se apto;
tão sábio que errava
no amor.
E eu ria.
E eu?
Eu só apresentava meu mundo,
aceitava em mim e neles
o tosco.
Eu?
Eu apenas transformava tudo isso
em versos e os recitava em voz baixa;
não era apto, e nem o sou,
mas sei amar.