Silêncio

Poupa-me da tortura.

Silencia.

És a mentira em verbo,

O sentimento ao avesso,

A projeção do descaro.

Tem-me o mínimo respeito,

Guarda a que sonhei em ti,

Feita à imagem de tua sombra.

Afasta de mim o pensamento,

Mata-me a lembrança tua,

Dissipa a bruma do teu rasto.

Sê o que queres, amada ad hoc,

Farta-te sob a mesa de outrem,

Regozija-te com as sobras.

Não mereces pessoa completa,

Mas um simulacro de gente,

Um ser opaco e burlesco.

Cabe-te alguém como tu,

Criatura algo plana e rasa,

Beleza perecível, espírito vazio.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 25/06/2013
Código do texto: T4358576
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