Vida de ilusão

O sonho do senhor Justino,

é ter uma vida boa

e quando cansa da roça

toma sua decisão,

pega o seu par de espórea

e vende junto com o alarzão

e fala pra sua espoza

que vida dura aqui no sertão.

Insentiva o seu filho

a ir para a escola,

fala que pra ser doutor

ele tem que estudar

e que a vida em São Paulo

é uma vida diferente,

quem vai para essa cidade

enriquece rapidamente.

O seu filho então cresce

com essa imaginação,

então ele nem pensa

ao tomar sua decisão.

Arruma logo suas malas

a passagem já comprou

e fala para os seus pais:

-É amanhã que eu vou!

Durante sua chegada

na cidade desconhecida,

ver tanta novidade

e fica feliz da vida,

só que ao procurar emprego

depara com a regeição,

gasta todo seu dinheiro

e fica até sem o pão.

Os seu pais lá na roça

vem até a orgulhar:

"O meu filho está em

Sampa! Nossa vida vai melhorar!

Espalha pra todo mundo

que ele é especial

e os que com ele está:

Ah! Esses são normal!

O seu filho na cidade,

pede dinheiro na rua

que quer voltar para casa

essa é a intensão sua,

então dão a ele

apenas umas moedinhas

que faz ele lembrar

do seu pai e da maezinha

as moedas que pegava

só dar pra se alimentar,

mas para a sua terra,

ele queria voltar.

Só que as coisas não são

como a gente imagina.

Viver para sofrer,

essa é uma das sina

Algum tempo se passou

sem dar notícia a ninguém,

o seu pai se preocupou:

-Vou ver meu filho meu bem.

Disse ele a sua espoza

e pegou o estradão

com o destino a São

Paulo, carregando a ilusão

Logo quando ele chega,

o seu filho procurou.

Para o endereço que veio,

nada ele encontrou.

Perguntou a uma moça

sobre o seu filho amado,

então ela respondeu

que ele havia mudado.

Esse pobre homem saiu

pela cidade a procurar,

tres dias já se passou

e nada de encontrar.

Ele não imaginava

que o seu filho estava pobre

o que tinha em sua mente

era um belo homem nobre.

Um dia ele encontrou

um homem sujo e cabeludo,

que logo lhe chamou de pai

e o velho nem importou:

-Essa porcaria de medingo.

Àquele homem falou.

Com a tristeza no peito

seu filho pôs se a chorar:

_Como eu queria tanto

aquele velho abraçar.

Mas essa chance eu não perco,

Eu vou atraz do meu pai.

E toda vez que tentava

ele só ouvia sai

Aquele velho roceiro

já odiava o mendigo,

porque todos os dias

ele atravessava o caminho.

Então ele pensou:

"Hoje ele vai apanhar".

Quando denovo encontrou.

Deu-lhe um soco pra derrubar.

Aquele mendigo chorando

logo então perguntou:

-Meu pai por que fez isso?

Você que sempre me amou.

Vendeu até seu cavalo

e o seu par de espórea

com grande entusiasmo

de me colocar na escola?!

Ali caiu toda ficha

e descobriu a verdade

que São Paulo na realidade,

é só ilusão de quem nele vem morar,

sozinho sem ter ningúem pra no início guiar.

Com os trocados que tinha

pro sertão seu filho levou

ainda hoje estão pobres

mas que o sofrimento passou.

Não falta pão na mesa

nem amor no coração

e todos pensam igual:

"Que vida boa aqui no sertão".

NÊGO
Enviado por NÊGO em 04/04/2007
Reeditado em 08/05/2007
Código do texto: T437207